Contando sua História com:- Priscilla Fernanda

Sou Priscilla Fernanda. Sempre fui muito sorridente, tento sempre ver o lado bom de tudo, sou ansiosa, teimosa as vezes, quero as coisas no meu tempo, gosto de sair, sempre fiz amizades com uma certa facilidade, amo tirar foto. Acho que é isso!
Minha historia começa dia 21/07/1992, minha mãe teve o primeiro sinal de que eu viria ao mundo, começaram as contrações para o meu nascimento, ainda na barriga vieram os primeiros sinais de que alguma coisa estava errada, eu estava sentadinha com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Assim que viram já fizeram a cesariana, nasci sem oxigênio, molinha e frágil... linda dos olhos verdes (modéstia à parte, nasci um bebê lindo, e continuo né?). 
Fui levada direto para UTI NEONATAL, assim já começou a luta pela minha vida e a batalha dos meus heróis (meus pais). Os médicos falaram que eu não iria sobreviver, e se sobrevivesse seria vegetando, respirando por aparelhos e sem condições de mamar, pois não tinha força para sugar, usava uma sondinha e os médicos sem esperanças dizendo “é coisa de dias pra ela morrer” (não sou um fantasma, não se preocupem!). 
Com 21 dias fiz minha primeira cirurgia, uma biópsia pra saber se fui gerada assim, ou se foi do parto. O exame nada mostrou, fiz todos os tipos de exames que existiam na época e... nada foi diagnosticado... Com 3 meses tive alta da maternidade (sorridente e linda como sempre!) e a pergunta no ar: “Como vai ser a vida dela?” 

Comecei a fazer fisioterapia e com 5 meses aprendi a comer e tomar mamadeiras, uma vitória enorme para mim e principalmente para  meus pais que lutavam para isso diariamente, cada dia já era uma vitória! Entre 7 meses e 1 ano tive que fazer uma cirurgia de emergência no intestino, mas me recuperei, meu intestino é  o dobro de tamanho de um normal (como vocês tão vendo, por isso essa barrinha sexy!).  Não andei como um bebê normal, fui ganhar força no pescoço com 1 ano e sentar com 2, com 3 anos comecei a me arrastar pela casa (era legal isso! Eu e meus primos brincávamos de corrida assim!). 
Com 4 anos minha mãe tomou a decisão de me colocar na escolinha, assim eu e minha mãe conhecemos o preconceito. Como não andava, as “tias” da escola me deixavam sozinha em um berço, pois não sabiam como lidar comigo e não se interessavam  em saber. Quando minha mãe soube através de uma funcionária, me mudou de escola imediatamente! Assim conheci a escolinha da tia Inês e muitos amiguinhos, sempre surpreendendo a todos. Fase boa... 
Com uns 6 anos fiz minha terceira cirurgia a da mão, minha mão não abria sozinha, graças a Deus mais uma vitória! 
Depois veio uma fase complicada pra mim, descobri que não teria jeito, teria que andar de cadeira de rodas. Nesta mesma fase quase morri, tudo que eu comia voltava, emagreci e não tinha vontade de brincar, só dormir. Eu me tratava na Unicamp e nada era descoberto. Minha mãe resolveu pagar uma consulta porque eu só piorava e o médico deu o diagnóstico era refluxo grave. Fiz a cirurgia em 3 semanas, fiquei um mês sem poder colocar “um grão de arroz” na boca somente liquido. Recuperei-me (comi tudo que tinha vontade!). 
Com 7 anos entrei na 1° série, com 8 comecei a dar uns passos mas não aguentava muito... Com 10 anos fiz outra cirurgia, a do pé, para colocar um pino (meus pés continuam tortinhos, parecendo que passou um vendaval, cada um pra um lado!). Fiquei 3 meses sem colocar os pés no chão ...mais uma vez me recuperei. 
Com 13 anos descobri que teria que fazer outra cirurgia, a da coluna, a pior de todas! Não daria mais os passos que já tinha conquistado. Meus pais não tinham escolha, “ou ela faz ou morre”, a coluna estava comprimindo meu pulmão e coração. Imagine eu com 13 anos escutar: “Você pode morrer durante a cirurgia e não vai mais andar”. Não tinha escolha. Chegou o dia, foram 7 horas de cirurgia, 4 dias na UTI, cerca de 48 pontos na coluna e mais uma vez surpreendi a mim mesma e voltei a andar 3 meses depois! 
Depois disso foi uma fase difícil, não foi fácil mesmo. Só chorava, não me aceitava! Sofri bullying na escola, (por incrível que pareça, o bullying me ajudou. Eu não gostava de me arrumar, aí eu pensei, “vão me olhar de qualquer jeito, e quando me olharem, verão essa lindeza!”). 

Passaram-se alguns meses e tomei a melhor decisão da minha vida, que não iria mais andar de cadeira de rodas, e sim de muletas! Como uma decisão pode mudar sua vida?! A minha vida mudou, muitas coisas boas aconteceram. Comecei a sair (matinê na época), conhecei muitas pessoas que me ajudavam, pessoas especiais na minha história.
Hoje com 22 anos faço faculdade de pedagogia e palestras de inclusão para crianças e adolescentes, sou  noiva e acredito muito na vida.



O que é viver “acima dos limites”?
É aceitar conviver com a deficiência e ainda driblar o preconceito.  

Como você se sentia por não poder andar normalmente, você se comparava com as outras crianças ?
Não digo se comparar, mais dependendo da brincadeira tipo de correr eu ficava muito triste mais logo passava, tive sorte que quando meus primos e amiguinhos iam em casa eles se adaptavam ao meu jeito de brincar. 
Que marcas você traz desse tempo?
Trago marcas boas, e trago também que o tempo ajuda muito. Minha infância apesar de tudo foi ótima.

De onde vem sua força para viver “superando limites”?
MEUS PAIS, eles são meu chão, ver o que minha mãe passou para me ver bem, ver aonde estou hoje.

Qual a sensação dos primeiros passos?
É difícil explicar, o coração dispara na verdade não tem explicação.

Você já sentiu excluída por ser “diferente”?
Já, na escola teve um ano que foi muito difícil e quando minha única amiga faltava ficava sozinha. 

Hoje você sofre preconceito? Como se sente? Qual a diferença de como se sentia quando criança?
Já sofri preconceito na escola de pessoas falando o que eu poderia ou não fazer e me julgando incapaz de tudo, acho que quando era criança não sofri preconceito que tenha doído em mim de verdade, acho que doía na minha mãe. 


Quais as melhores e piores lembranças que você tem do que já passou?
As piores são das 10 vezes de sai do centro cirúrgico, e as melhores  quando superei cada obstáculo.

Quais as maiores barreiras que você já superou?
A maior para mim foi com 13 anos na cirurgia da coluna que fazia pouco tempo que eu tinha dado uns passos e os médicos falaram que nem isso eu iria conseguir mais. Foi uma grande vitória.

Como é sua rotina diária hoje?
Eu trabalho com meu pai, faço palestras contando minha historia e faço faculdade de pedagogia, faço fisiatria.

O que você mais gosta de fazer nas horas vagas?
Baladas, barzinhos, um shopping é sempre bom.

Quais são seus planos e sonhos para o futuro?
Me formar na faculdade, fazer uma pós e viajar bastante.

Como se sente hoje sendo uma pessoa “diferente” da maioria como você se vê?
Hoje me vejo normal, sei das minhas dificuldades mais também sei o que eu sou capaz.


Você é feliz?
Sim, aprendi a ser.

Como é sua vida sentimental?
Muito boa, sou noiva.

Como é sua autoestima?
Tenho muita viu.

O que você mais valoriza?
A família.

De que você se arrepende?
De não ter feito mais por mim



Você tem muitos amigos?
Tenho o suficiente.

O que sua família significa para você?
TUDO.

O que é Deus para você?
Em primeiro lugar.

Como você descreve sua fé e como ela te ajuda?
O que seria da vida sem fé, nada ela que faz  a gente acreditar que somos capazes.

Se pudesse o que você mudaria no mundo?
O preconceito.

O que você faz para tornar o mundo melhor?
Tento mostrar que podemos ser melhores como pessoas, saber valorizar o que realmente importa.

Em que você cresceu como pessoa depois de tantas dificuldades em sua vida?
Dar valor ao que realmente importa principalmente a gratidão.

Deixe uma mensagem para os leitores do blog!
Acredite, seja grato por mais um dia que você acordar e comemore cada vitoria mesmo que pequena como se tivesse ganhado na mega-sena.

Rapidinhas:

Defeito/qualidade? Verdadeira/Preguiça
Eu deveria ser... Mais alta rs
Uma palavra? Deus
Um verbo? Amor
Uma musica? Quase sem querer (Maria cadú)
Deus? tudo
Amigos? Tenho os melhores
Família? Meu chão
Trabalho? Tem que ser feito com amor
Amor? Paixão
Saudade? Do meu vozinho.
Muletas? Minhas pernas
Superação? EU 
Tristeza? Só na TPM rs
Alegria? Sempre
Orgulho? Dos meus pais 
Superação? Todos os dias











"Baixa auto-estima é como dirigir pela vida com o freio de mão puxado. Ame-se"




h



"Eu ainda não cheguei lá, mas estou mais perto do que ontem"






"Não consigo alterar a direção do vento, mas posso ajustar as minhas velas para sempre alcançar o meu destino"



Priscilla Fernanda.

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